Cansei de poetar.
Meus dedos não querem mais trabalhar,
Pedem para se aposentar.
Não quero mais rimar, nem sonhar.
Que se dane o meu coração!
Vou tirar do meu peito o verbo amar.
Que se queimem os olhos à luz do sol,
Que as flores murchem nos jardins,
Que os oceanos sequem
E se apague o universo.
Meus versos morrerão
Neste chão que pisei por toda a vida.
Apagarei cada linha mal escrita
E não mais ouvirei a voz que grita
No lugar mais profundo da minha alma.
Quero a calma dos velhos que jogam xadrez,
A paciência do pescador,
Um amor do qual não se fala,
Um emprego de boa renda
E roupas largas para dormir.
Não citarei nenhum nome,
Não dedicarei mais nada a ninguém.
Cansei do periódico sacrifício,
Dessa receita de entorpecentes,
De sentir os delírios da carne
E não poder usá-los.
Cansei de pedir para o mundo
O que nunca tive para mim.
Não mais ouvirei as críticas ruins
Ou as desnecessárias observações.
Quero ir para o intramundo
Onde sequer o Raimundo pode habitar.
Não vou mais levitar entre os espaços
E fazer movimentos estranhos com os pés.
Não vou ver miragens, estar no convés
De um barco que naufragou
E não deixou nenhum corpo para resgate.
Cansei de agredir a caneta,
Sem que ela pudesse reagir.
Não vou mais mentir, nem falar a verdade,
Nem para o silêncio darei atenção,
Apenas sentirei que ainda respiro
Quando inflar os meus pulmões.
Ao som de violinos
Deixarei meu corpo repousar
De tudo o que me fizer lembrar
Que a poesia existe.
E no fim, não sentirei o menor remorso,
Enquanto os outros poetas
Morrem de fome engolindo letras.
Meus dedos não querem mais trabalhar,
Pedem para se aposentar.
Não quero mais rimar, nem sonhar.
Que se dane o meu coração!
Vou tirar do meu peito o verbo amar.
Que se queimem os olhos à luz do sol,
Que as flores murchem nos jardins,
Que os oceanos sequem
E se apague o universo.
Meus versos morrerão
Neste chão que pisei por toda a vida.
Apagarei cada linha mal escrita
E não mais ouvirei a voz que grita
No lugar mais profundo da minha alma.
Quero a calma dos velhos que jogam xadrez,
A paciência do pescador,
Um amor do qual não se fala,
Um emprego de boa renda
E roupas largas para dormir.
Não citarei nenhum nome,
Não dedicarei mais nada a ninguém.
Cansei do periódico sacrifício,
Dessa receita de entorpecentes,
De sentir os delírios da carne
E não poder usá-los.
Cansei de pedir para o mundo
O que nunca tive para mim.
Não mais ouvirei as críticas ruins
Ou as desnecessárias observações.
Quero ir para o intramundo
Onde sequer o Raimundo pode habitar.
Não vou mais levitar entre os espaços
E fazer movimentos estranhos com os pés.
Não vou ver miragens, estar no convés
De um barco que naufragou
E não deixou nenhum corpo para resgate.
Cansei de agredir a caneta,
Sem que ela pudesse reagir.
Não vou mais mentir, nem falar a verdade,
Nem para o silêncio darei atenção,
Apenas sentirei que ainda respiro
Quando inflar os meus pulmões.
Ao som de violinos
Deixarei meu corpo repousar
De tudo o que me fizer lembrar
Que a poesia existe.
E no fim, não sentirei o menor remorso,
Enquanto os outros poetas
Morrem de fome engolindo letras.