Fotografia  © Ana Ferreira



TÃO MINHA, TÃO TUA...!  
 
É neste lençol d’ água que sinto fugir os pés
descalços
pelas margens
agora secas de seiva e de vida

onde escrevo cada palavra sentida.
 
É nesta branca espuma
que corre em busca do mar
onde já não salgo o rosto nem acalmo a alma
onde me afogo sem mergulhar.
 
É nesta água de cor tão profunda

(tão minha, tão Tua...!)
que já existiu um lugar
 - foi outrora a minha rua - 
me recebendo em doces e ternas marés.
 
Hoje falta-lhe o açúcar, falta-lhe o sal, falta-lhe a vida...
Falta-lhe o chão para os meus pés. 
 

 ©  Ana Flor do Lácio

 
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 06/02/2016
Reeditado em 07/02/2016
Código do texto: T5535853
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