Fotografia © Ana Ferreira
TÃO MINHA, TÃO TUA...!
É neste lençol d’ água que sinto fugir os pés
descalços pelas margens
agora secas de seiva e de vida
onde escrevo cada palavra sentida.
É nesta branca espuma
que corre em busca do mar
onde já não salgo o rosto nem acalmo a alma
onde me afogo sem mergulhar.
É nesta água de cor tão profunda
(tão minha, tão Tua...!)
que já existiu um lugar
- foi outrora a minha rua -
me recebendo em doces e ternas marés.
Hoje falta-lhe o açúcar, falta-lhe o sal, falta-lhe a vida...
Falta-lhe o chão para os meus pés.
© Ana Flor do Lácio