DA JANELA

DA JANELA

Da janela

Não vejo o cordão passar

Da janela

Vejo o silêncio

Dos blocos fantasmas

Passam um ou dois viventes

Desfilando ares de tristeza

Um mendigo que remexe o lixo

Pede um troco

Ou um prato de comida

Um crente com a Bíblia

Embaixo do braço

Finge que não o vê

E vai ao encontro de seu Deus

De infinita cegueira

E a tarde cai

Chuva lacrimosa

E enfim uma moça prosa

Fantasiada de feliz

Neste começo de noitada

Que não será enlutada

Pelos sintomas

Do que é axioma

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 06/02/2016
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