DA JANELA
DA JANELA
Da janela
Não vejo o cordão passar
Da janela
Vejo o silêncio
Dos blocos fantasmas
Passam um ou dois viventes
Desfilando ares de tristeza
Um mendigo que remexe o lixo
Pede um troco
Ou um prato de comida
Um crente com a Bíblia
Embaixo do braço
Finge que não o vê
E vai ao encontro de seu Deus
De infinita cegueira
E a tarde cai
Chuva lacrimosa
E enfim uma moça prosa
Fantasiada de feliz
Neste começo de noitada
Que não será enlutada
Pelos sintomas
Do que é axioma