Morrer-se
O dia morre com o cair do Sol no horizonte
A noite, com o raiar de um novo dia
Morre a tristeza, quando encontramos um bom amigo,
E a alegria morre se ele vai embora
Tantos planos esbarram no tempo
E vão-se no vento, no esquecimento...
Como a folha, que seca e cai
Como a velha árvore, mortalmente ferida
Pelo machado da cobiça
Morremos todos, em cada ato de violência
Morre quem morre, e morre quem mata!
O bom guerreiro não se cansa
De batalhar com esperança a fio de espada
Mas, morre ao ver uma simples criança
Batalhar pelo seu próprio sustento
E ser pago com uma nota falsa de dez
Sente o chão fugindo aos seus pés
E desmente a bela canção que diz:
"Os sonhos não morrem jamais".
A maior riqueza não tem valor
Se não a pudermos sorver cada gota
Viver abundantemente, e com amor;
E a cada gesto de indiferença, sair ileso.
Libertar os milhares de desejos presos
Deste meu confortável mundo particular;
E morrer, tranqüilamente, ao final dos dias
Que acumulei desde os tempos de menino.