Morrer-se

O dia morre com o cair do Sol no horizonte

A noite, com o raiar de um novo dia

Morre a tristeza, quando encontramos um bom amigo,

E a alegria morre se ele vai embora

Tantos planos esbarram no tempo

E vão-se no vento, no esquecimento...

Como a folha, que seca e cai

Como a velha árvore, mortalmente ferida

Pelo machado da cobiça

Morremos todos, em cada ato de violência

Morre quem morre, e morre quem mata!

O bom guerreiro não se cansa

De batalhar com esperança a fio de espada

Mas, morre ao ver uma simples criança

Batalhar pelo seu próprio sustento

E ser pago com uma nota falsa de dez

Sente o chão fugindo aos seus pés

E desmente a bela canção que diz:

"Os sonhos não morrem jamais".

A maior riqueza não tem valor

Se não a pudermos sorver cada gota

Viver abundantemente, e com amor;

E a cada gesto de indiferença, sair ileso.

Libertar os milhares de desejos presos

Deste meu confortável mundo particular;

E morrer, tranqüilamente, ao final dos dias

Que acumulei desde os tempos de menino.

Geraldo Meireles
Enviado por Geraldo Meireles em 05/07/2007
Reeditado em 26/02/2008
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