O CARIMBO DO ACASO
O CARIMBO DO ACASO
BETO MACHADO
Se fosse um cavalo manso
Montaria em pêlo e crina,
Com barbicacho e cabresto,
Sem procurar um pretexto
Que interrompa a cavalgada.
Mas qual nada...
As patas da montaria
Giravam sobre o asfalto
E a amazona, lá do alto
De um sóbrio ar de domínio,
Exercia seu fascínio
Por andar de bicicleta.
E essa meta quase não foi alcançada...
Corrente desengrenada,
Desquitada da coroa,
E mesmo assim, numa boa,
Tentou repor, agachada,
A saúde da “magrela”,
Mas acontece que ela
Nasceu gêmea com a sorte.
E um jovem de mesmo porte
Livrou-a de tal agrura.
Fazendo-lhe a gentileza
De animar o coração
Da tal “camela” novamente...
Reluziu uma chama de amizade
E bem mais tarde viraria um grande amor,
Daqueles com face de eternidade
E tatuagem que o acaso carimbou.