Sou de Catalão
“O poeta canta a si mesmo porque de si mesmo é diverso.” (Mario Quintana)
Sou de Catalão.
Por isso, essa mistura
de boiada e minério
nessa cara de forte!
Brotei no campo
como brota o arroz,
mãos grossas de calo
seguraram-me primeiro.
Agora, essa textura
fina da minha
mão abana
uns risos falsos,
por isso,
queria recrescer
naquela casa simples
cercada de pés de milho
e tornar-me outro,
com casca dura
e espinhos que
repelissem gente cínica.
Entre os paus-a-pique
incinerar insaciáveis
barbeiros chaguentos
para poder sobreviver
depois dizer
que nessas veias
corre sangue poeta
de tantas gerações.
Sou de Catalão sim,
por isso, sou essa mistura
de boiada e minério
com cara de bravo!
Por isso, é que peço
uma chuva branda
para poder germinar
outros tantos de mim.
E que em cada quintal,
toda manhã, abrolhasse
poesia com folhas bem
verdes, fortes e orvalhadas!