O espetáculo dos bastidores

O manobrar de um ônibus

O talhar de um pão

O fornecer o troco

E o ceder de uma informação

Não são tão reconhecidos

Como deveriam ser

Mais se refletíssemos sobre a nobreza desses trabalhos

Dúvidas não íamos ter

O recolher do lixo

A limpeza do lar

Sem esses personagens

Como iríamos nos organizar?

A prosa do taxista

A oferta do camelô

Que esmiúçam um sorriso

Com todo o seu humor

O educar os filhos

Que colaboração

Profissão mais digna

Creio, não existir não

Ressignificando os valores

De cada atuação

Coisas que o sistema distorce

E não dá a devida valorização

Déspotas existem

Vangloriam o seu pseudo-poder

Com total tirania

Achando este o seu dever

É o ego tomando conta

Da sua visão

Não permitindo enxergar o outro

Na mesma proporção

Os acobertados com altos cargos, nem se fala

São apetrechos de enfeitar

Se realmente não estiverem a serviço do todo

Nas ações a praticar

Na existência, não há pirâmides

Não há nada a hierarquizar

Somos maltrapilhos feitos de carne

Meros animais a pensar

A vida é uma barganha mútua

Estamos sempre a comunar

Favores e gentilezas

Aonde quer que vá

Sobre o espetáculo dos bastidores

São esses que fazem a vida acontecer

E por detrás das reais intenções

Reconhecemos e honramos cada gesto genuíno de cada "ser" ...

Marcão Cruz
Enviado por Marcão Cruz em 27/01/2016
Reeditado em 28/01/2022
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