Feira Livre
Hoje é domingo
Sinto sintomas de vida alegre
A movimentação começa às 4 da manhã
O cheiro de café quente
Invade o mundo do sono bom
E já ouço uma voz suave a cantarolar.
Não me recordo qual a música
Mas era sua distração.
"não sabia quais eram seus sonhos"
Ela cozinhava, fritava bolo de chuvas
E preparava o leite quente.
Tudo alí não era o café da manhã
Era sua independência.
Ela tinha 9 anos quando foi criada pelos seus primos. Sempre dependeu dos outros.
Casou-se nova, tentativa de independência ?
Constitui família,
Mas sua independência só se dava
Aos domingos.
Ela que preparava tudo
Exceto a montagem da sua barraca,
Uma barraca de madeira que todo domingo
Era o ponto certo do café caseiro.
_Binho levanta, vem ajuda sua avô a montar a barraca.
E lá íamos, eu e primos.
No carrinho de mão
O peso das guloseimas
Passava o sono rapidamente.
Domingo
Dia de feira ao ar livre
Dia de Laura sentir-se livre
Dia de ganhar seu pão,
Confesso que muitos ia tomar seu Café
E ela nem cobrava
Diz: _ Domingo que vem cê paga.
Ela só queria ser livre,
Pôr seu melhor lenço na cabeça
Presos a grampos,
Uma saia rodada com estampas
E um sorriso no rosto.
Era a satisfação de ser dona do seu negócio.
Não se espanta
Laura era livre na alma
E presa na garganta!
Werley Gil
(homenagem à minha avó Laura)