A LITURGIA DO PENA-QUEBRADO
 
 
 
Traído por alma
vendido com alma falida
aos desespero
que aceita sem pena
de excluir uma só
possibilidade de voltar
ao nunca mais esquecido
que nunca mais
foi este que ainda
existe
dizendo eu nunca mais
vou ser o mesmo
que este mesmo
 vem trafegar
sobre meus trilhos
sentido inverso
num verso de ida
eu posso voltar se quiser
o quanto de olhar
ainda tem por ai
tudo igual nos dias
de tédio-comparsa
disfarça de graça
numa esquina tem alguém
comprando um céu
de horizontes estranhos
qual o tamanho
das estrelas que
você quer ver
ocular basculante
se abre sobre o
pequeno interesse
da felicidade que abriu narinas
ao perfume que me leva
ao mundo escondido
porque uma vida trocada
não diz nada
quando acordamos
nas valas comuns
do desleixo sedento de novo
por uma velha migalha
que vive perto
boquiaberta sobre folhas
mortas
falando sobre os novos
brotos que virão mais tarde
algo me invade de fora
esse algo surpreso
com minha loucura
de estar preso
ao momento quieto
momento obsoleto
pequeno culto do momento
dizendo ser o momento
certo
uma voz doce de outrora
passeia no recanto
dos pasmados de tempo
esquecido
 ela de vestido colado
silhueta de dama
nos passos covardes
pelo lamento de serem
tão educados
na decência da epígrafe
que desenha formas
sobre a calçada
porque não olho pro rosto
que dela percebo sorrir
entre amigas
porque molho meu rosto
com sais do minério
que desce dissolvido
do concreto armado
dos dias contidos
do que era promessa
de ver tolices
que torna engraçado
minha desgraça
entre a graça de dizer
que sou homem frio?



The liturgy PEN-BROKEN



Betrayed by soul
sold with bankrupt soul
to despair
accepting without penalty
to exclude one
possibility of returning
the never forgotten
ever more
This was further
exist
saying I never
I will be the same
this same
 comes to traffic
on my rails
reverse
a one-way back
I can go back if you want
how to look
still have out there
all equal in days
dull-crony
disguises for free
a corner has someone
buying a sky
foreign horizons
which size
of stars
you want to see
eye tilt
opens on the
short interest
the happiness that opened nostrils
the scent that takes me
the hidden world
life because a swapped
Do not say anything
when wake up
in mass graves
New thirsty slouch
by an old crumb
who lives near
gaping on leaves
dead
talking about the new
shoots that will come later
something breaks me out
something that surprised
with my madness
to be arrested
the quiet moment
old time
small cult of the moment
claiming to be the moment
right
a sweet voice once
walks in the alcove
the amazement of time
forgetful
 her cheek dress
lady silhouette
the cowards steps
the regret of being
as educated
decency in the epigraph
drawing shapes
on the sidewalk
why not face eye pro
I realize that her smile
between friends
sauce because my face
with mineral salts
that descends dissolved
reinforced concrete
those contained days
that the promise was
seeing nonsense
What makes funny
my misfortune
between grace to say
I'm cold man?