o vidro que se quebra

O vidro que se quebra

O vidro que se quebra

Não é um vidro ido...

É um vidro quebrado,

Mas continua vidro...

A paz que se queda

Não é uma paz vencida,

É um tempo dado...

Não pedido.

O tempo que se quebra

Não é o dia ido,

É o relógio atrasado

Marcando o endivido.

A guerra que se perde

Não é o tiro perdido,

É o último derrotado,

Tendo vencido...

O lápis que se quebra

Não é lápis perdido,

É a memória ativada

Do que deixou escrito...

O morto que se enterra

Não é o corpo estendido,

É quando se esquece

Ter esse morto vivido...

Assim o canto do silêncio

É o último sustenido

Entre a flor brotada

E o pendão colhido.

Por mais que se faça

A herança do possível,

A briga entra em casa

Pelo não dividido...

O vidro que se quebra

É a guerra que se perde

Vencedor ou vencido

A nulidade do vivido.

sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 26/01/2016
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