Inocência

Power Ranger muito louco você viu como viveu?

Lutou contra o mal, o fim do mundo e venceu.

Fez o impossível me mostrando a fantasia

Pensando que eu poderia acreditar em minha vida.

Vencer todos gigantes que já temo desde antes

de te ver. Mas os feijões mágicos são muito poderosos,

E não posso eu vencer esses monstros horrosos.

Com cabeça de um porco e corpo de tartaruga

Esse monstro quer me esmagar pois eu ri do Seu Madruga,

Do Chapolin, Chespirito porque falta-me espírito

Para dar risada do monstro bizonho do alcoolismo.

Caçar as garotinhas não faz bem o meu jeito

Agora o Portaruga não me deve seu respeito.

Dizem que sou tímido e preciso me enturmar,

Mas enquanto todos transavam eu tinha que pensar

bem para não fazer besteira quando à beira

da derrota contra aquele ginásio de veneno. Que ataque usar?

Todos usavam camisinha e eu mandava meu Steelix

Pra detonar aquele Muk.

Eu critical hit.

Os outros só no KUM.

Eu ganhava a insígnia e eles batiam no bumbum.

Aí fica difícil, Power Ranger, covenhamos.

Charizard nível cem mas nunca sequer beijei.

Pá. Pá. Pá. Pá. Pá. Pá. Pá. Pá. Pá. Pá. Pá. Pá. Pá.

Alguma coisa aconteceu de diferente comigo,

Um erro de rota, um desvio no caminho.

Agora eu vejo coisas que ninguém mais está vendo.

Sou parte da legião muda e só nós sabemos do que sabemos.

Os falantes não saberão dos detalhes que descobrimos

E nem nunca verão o inverno que encontramos.

Às vezes inocentes nós até tentamos explicar

mas eles não compreenderiam o que tudo podia significar.

Taxados como excluídos, os nerds tentaram nos imitar,

Sentiram orgulho de serem como eram mas não eram como nós.

Pobres almas que nos veem e tentam nos copiar,

Ser fã de Pokémon não os faz nos alcançar.

Não é sobre isso afinal o tudo que nós somos.

Não tem nada a ver com isso o mundo que desbravamos.

Poesia. Música. Arte. Escrita.

A nossa cultura é mais restrita.

Não nos comunicamos. Sofremos em silêncio

em um mundo de mundanos, loucura e desrepeito.

Somos o poço de sentimentos, os produtores da boa arte,

Os cientistas, os conhecedores, as estrelas de verdade.

Respeitáveis cavaleiros guiando os seus dragões,

Nunca verão do céu o que vemos, o inferno.

Se inocente nesta vida é nunca ter beijado,

É nunca ter fumado, é nunca ter transado,

Ah, se pensa isso, não sabe como está enganado.

A tristeza na falta da beleza da sociedade

Não se limita à robalheira e à música cheia de bobagem.

Vocês falantes não veem isso pois entraram no sistema,

Não enchergam, são incapazes de notar as flores murchas.

A coisa tá muito feia, dizemos eu e a legião.

Sócrates e Platão não eram loucos como diziam.

Nem Aristóteles, nem mesmo os sofistas (que se venderam ao diabo).

O mundo vê a dança de sombras e pensa que é filme em 3d.

Ah, pensadores, pensadores, modestos amadores,

Futuros ou presentes doutores em qualquer coisa.

O pânico interno da solidão é muito mais terrível

que o pânico da injustiça do grupo.

Judeus, judeus, morreram sabendo que estavam certos,

Mas nós, mas nós, morreremos de que jeito?

Se o coxo diz o óbvio e é aplaudido pelo tosco.

Fundo do poço. O mundo inteiro no clap clap.

Feche os seus olhos e tenha uma boa soneca

Pois não dá para saber quantas mais podemos ter.

Essa porcaria toda já está repleta

de doenças incuráveis que vocês se negam a ver.

Mas sou eu a doença? Sou eu? Somos nós?

A dúvida sobre si mesmo não faz sentido ao idiota…

23/1/2016

24/1/2016