PARA ALÉM DO DESENCANTO HÁ BELEZA

deixo-me estar,

aqui sozinho

deixo-me estar,

em companhia de tudo aquilo que me é digno de fartura

deixo-me estar,

aturdido de rancor e ódio

deixo-me estar,

vasculhando lixo a procura da dignidade

deixo-me estar,

ouvindo repetidos cantos que calejam os ouvidos

deixo-me estar,

iludido pela história de vida sofrida

deixo-me estar,

à vista de todos que desejam emergir da promiscuidade

deixo-me estar,

a procura de um rumo, que o toma, sem rumo

deixo-me estar,

sorridente diante tudo aquilo que machuca

deixo-me estar,

enfurecido feito cão na coleira

deixo-me estar,

choramingando rios feito as cachoeiras

e quando tudo estiver perdido

deixo-me estar,

a procura de meus copos sujos

a procura de meus discos banidos

para me servir de nova dose

pois tudo que considero já venceu, menos o vinho.

Jack Solares
Enviado por Jack Solares em 24/01/2016
Reeditado em 29/01/2016
Código do texto: T5521779
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