DÉGRADÉ, TERROR TO LOVE

Não há para ilusões nova tinta.

Adriano Nunes

Ele pulsava triste

No terror do limite do inexistir

Para Ele, o fim, era certo até então.

No seu mundo grama era lodo

O arco-íris monocromático.

Tudo se apagava em escuridão.

Cores, frutos e pessoas

Morriam de desespero aguado

Tendo apenas bálsamo amargo.

Ele, não queria ser Ele,

Assim, tão impessoal e sem identidade

Ali na linha tênue entre vida e morte

Decidiu reformular seu mundo

Dégradé de terror e ilusão.

Tirou, primariamente, o tom fúnebre

Do sol sempre amanhecido e choroso

Com ajuda do deus Algamar, depois

Criou uma variedade de tintas coloridas.

No seu processo de criar e alegrar

Esqueceu-se daquele hórrido ofício de morrer.

Ele achou propósito ao cobrir-se de novos prismas.

Logo o seu mundo repleto de luz

E cores. Deu início a razão e ao amor

Ninguém lá morreu mais de terror

Reinou miraculosamente o amor.

Retirou-se a neblina do caos

E todos os desarranjos foram alinhados.

Por Ele, dégradé, hoje, se trata

Apenas de tons fortes de plena

E indelével felicidade sem farsas.

Só não sobraram mesmo tintas

Para a antiga e pálida ilusão

A morte que trate de achar suas flores.