SERÁ SÓ SUPERFÍCIE ?

SERÁ SÓ SUPERFÍCIE

por Juliana S. Valis

Por que viver tanto na superfície das aparências,

Dos fatos e das pessoas, se o tempo nos convida

A sentir, na alma, o amor sem reticências

Em toda a plenitude que só a alma abriga ?

Por que "parecer" tanto e "ser" pouco ?

Por que querer e mais querer como prece

De tudo que se tem, e se gasta, e se esquece

Na intolerância de um mundo tão louco ?

Ah, quem me dera ser pássaro apenas,

Voando entre as nuvens, sem superfícies vazias

De aparências, e contas, e sombras pequenas

Que ofuscam a sensível alegria dos dias !

Mas se esse mundo só valoriza aparência, riqueza e poder,

Se tudo é externo, sem maior sentimento,

O que deixaremos ao tempo quando o coração falecer,

Sem razão ou delírio, no mais profundo momento ?

O que diremos ao mundo se ele só quer parecer

E ter ilusões que nos curtem no tempo ?

Ah, quem me dera ser pássaro apenas de liberdade,

Sem superfícies de meias verdades,

Sem rótulos e preconceitos vencidos,

Sem mil padrões preestabelecidos,

Sem limites do que seja o tempo,

Voando sem cálculo, célere ou lento,

Rumo ao profundo sentimento de paz,

Ao cerne do que apenas a alma quer nos dizer.

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