Sentir é Estado de Exceção
Volta e meia levo pancada de poesia
A injúria é de alma
Quando vem as palavras me abusar
fico sensível, para não dizer abaladiço
ou sentimental
Sentimento é uma coisa besta,
mas exige sempre espaço de existência
Meus olhos são de pedra
Mas as palavras dentro de mim me fazem sensível
Escorrem feito lágrimas, e derreto feito gelatina
Não há vida tranquila para um poeta
Existe apenas essa inquietude perene
Que me deixa zonza feito lutadora num ringue
(E sei que as palavras não vão me dar trégua!)
Calado, diante do papel as vezes me intimido
Divago sobre a questão da existência
Procurando abrigo na sensibilidade
Que muitas vezes me falta e me obriga
A me embriagar na ponte intimista
Entre o desejo do não ser sendo poeta
E o do ser tudo aquilo que dentro de mim resta…
Quando o que sinto já não cabe em mim
Discorro sobre, a fim de me redimir
Vez ou outra vem alguém dizer
Característica dos sensíveis é sofrer
Dos males que padeço
A sensibilidade é por vezes, o mais cruel
Mas se sensível não sou, quase nada sou
O que posso fazer? Afinal...
Esse é o meu jeito de ser
Sou o retrato de minhas lembranças, a vida me fez assim
Ora dor, ora amor, mas por um segundo chego a me perder
Me perco no mais profundo de meu ser
E já nem sei mais quem sou
Ou talvez saiba...
Amontoado de palavras
Poesia humana
Não sei como definir o que sou
Ao vomitar meus sentimentos
Os sentimentos mais profundos
Os mais belos e os mais podres
Retiro a podridão de minha alma
E a transformo em belas palavras
As faço parecer belas
quando na verdade é pura dor
Essa é minha essência
Vomitar dor com aroma de flores
E aparência de alegria
Não sou alegria
Sou dor
Sou Sofrimento
Mascarados em poesia.
(Outro poema coletivo!)