ENIGMA
Cifrado o amor descansa
Nas palavras que não são ditas
Nos versos não expressos
Na voz não escutada
Se esconde na bruma silhuetado
E ecoa nos vales
Em milhões de harmônicas
Sobrepostas
Raramente se apresenta
Em seu estado natural
Senão por seus óxidos
Combinados com outros elementos
Vário, preserva seu uno cintilante
E tolos, como eu
O perdem por anos, séculos
Escondido nos mezaninos
Da arquitetura da vida moderna
Se é que há vida,
Moderna ou não,
Sem a descoberta
Decifrá-lo é exercício
De sentidos
E não de razão
Até porque o amor
Só deve ter unicidade de razão
Que desconhecemos,
Equação sem soluções triviais
Assim te amo
Com uma razão que me captura
Sem porquês
E me combina amalgamado
No teu ser
Nas tuas mãos
Nos teus lábios e corpo
E entendo
Sem que seja preciso
Compreender...