OUTRA CARTA DO NÁUFRAGO

Letras num guardanapo de papel

Dia de chuva e o cinza tinge o céu

Chove aqui dentro, chove lá fora

Céu de chumbo. Coração pesado

Eu afundo na profunda dor do fim

Caminho pelo vale dos descontentes

A esperança? Não está,de todo, ausente

É uma chama frágil que brilha tímida

Um ponto de calor morno tremeluzente

Na ferida da escuridão densa da alma

Necessito de calma, embora tenha pressa

Sei que ainda há longos caminhos e dias

Sob o áspero céu escuro das travessias

A alegria, por ora, é apenas promessa

É tempo de seguir em frente sem garantias

Mas seguir é só e tudo o que me resta