FEBRE
Arde na tez
do verso hirsuto
A pálpebra dos mares
na neblina
Em borbulha de magma
incandescente
tal um vidro nobre
derretido
tal combustão de rocha
e gasolina.
Por teus poros
sais enrubescidos
com palavras
que te escolhem
E negam
a roupa
fluindo livres roçam-te
feito línguas
que se embaraçam
pelos céus
das bocas
e te fazem saltar
as flores
do vestido.
Em galope
no dorso
campo idílico
pêlos eriçados
ao gozo da saliva
livres de olhos
fartos de sons
teu sangue parte
ao ritmo apressurado
de um cardíaco.
Fléxil, o teu corpo
em eco transparente
murmura (con)sentindo
insana
liberdade obscena
dança à luz vívida
e repousa
em calmo lago morno
brisa amena.
Teu ventre respira
aliviado
os vapores de paixão
e de pecado
liquefeitos
pelas dobras
do poema.