OCASO


E agora a tarde pesa em cada adeus
A alçar seu breve vôo já sem destino
E a morte traz o sonho em seus arpéus.
 
À boca horrenda e escura heróis e réus
São bem a mesma coisa, um prato fino.
E agora a tarde pesa em cada adeus.
 
O instante engrossa o cinza desses céus,
Surpresa alguma advém do que imagino
E a morte traz o sonho em seus arpéus.
 
Se o acaso é causa simples para incréus,
O ocaso é o grande enigma dum menino
E agora a tarde pesa em cada adeus.
 
De enganos tantos, sei que alguns bem meus,
As horas vão compondo um desatino
E a morte traz o sonho em seus arpéus.
 
E a dor perdura, crua, aqui, sem véus,
Senhora enfim privada até de tino
Se agora a tarde pesa em cada adeus
E a morte traz o sonho em seus arpéus.



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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 17/01/2016
Reeditado em 28/02/2016
Código do texto: T5513974
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