AZRAEL
Deus é um apreciador de coisas frágeis,
E decora Seu observatório nublado
Com enfeite do mais puro vidro.
Stephen King
Os sinos dolentes tocaram no campanário
No alto os anjos acocoraram-se nas nuvens
Voltaram sua atenção as coisas de vidro no chão
Estabelecendo seu monótono padrão de observação
Os enfeites andantes, terrenos, sofriam
Toda sorte de agruras e feridas, muitos
Eram estrelas escuras a caminharem vagamente
Os anjos observavam a peste negra se espalhar
Mas não a do século XIV, tratava-se da peste
Do século XXI ainda sem título provisório
Mas igualmente letal, prejudicial, a corroer
Toda a carne disposta em frágeis ossos
Apodrecendo nos cantos do mundo, almas
Velhas lambendo agulhas enferrujadas
O orbe caminha em depressão sobre os abismos
Da noite eterna, mesmo quando sol, hoje, sol doente
Azrael, anjo da justiça e da morte, corre pelos Céus
Levando o descanso, aliviando o flagelo, dando flagelo
Aplicando justiça. Os outros anjos só observavam
Azrael a cuidar dos enfeites de vidro de Deus
Sem suspensão, sem absolvição, sem condição
Só com o cão a roer seus ossos cansados, de vidro.