Paterno
Quando o infante sonha, seca vira brincadeira...
E a tristeza some-se na poeira!
Risos viram pingos, chuvas d'alegria...
Aos sons d'ninar...
Trapézios, palhaços e gargalhadas!
E'meio as rodas d'cantigas...
Céus, cantares e querubins!
Diferentemente dos grandes...
Quando vida vira briga...
Labuta vira guerra...
E não se erra!
Para que a terra não te enterre!
Mas em seu afã, luta sempre por dias melhores...
E em sua humilde soberba...
Não implora por piedade...
E a idade te engole, te leva a erva e a leve maciez...
A dor te consome e não some...
Tuas pernas outrora fortes, hoje bambeiam...
Na fadiga que te alucina, que te arde o sol...
Que te leva o tempo...
Como raio mortal sem acalanto!
Agora fluir meigo doce mar d'criança...
Te torna apenas distante lembrança...
Em anseio por poder também brincar...
Cantar e se esbaldar d'gargalhar!
Hoje se almeja...
peleja em constante batalha...
Na difícil trilha d'sua faina!
Mas o infante sorri...
Ao ver teus coloridos brinquedos...
Mãos apressadas, velozes dedos!
Pega-os e aperta-os aos tantos...
Teu pai se zanga ao achar tão poucos...
Em não conseguir te dar...
Todas as estrelas embrulhadas em papel de presente...
Em não conhecer o futuro do crescido bambino!
E se mata e se doa d'sangue por aquele menino!
Oh! tempo...
Voraz ditador!
E diante daquela criança...
Ele se vê refletir suas distantes lembranças!
As amarelinhas que aos seus pés se apagaram...
Sucumbidas pela poeira...
Da incansável brincadeira!
A peleja e a vitória na pelada!
O campo esburacado em seu torrão...
Tal maracanã!
O papagaio colorido, de bambú bem fino...
Que ao soprar do vento...
Ia quase se sumindo!
E durante um pequenino instante...
Ele viaja no tempo...
E novamente se sente como infante!
Mas a realidade o desperta pra vida...
E suas antigas lembranças desleixa na lida!
Hoje sua única felicidade é a alegria d'sua criança...
É poder senti-la feliz.