DESERTOS TRÊS MIL
Sonhei que vivia os anos três mil
perdido em campos abertos,
pois a ambição transformara o Brasil
num imenso e triste deserto.
Um solo cheio de rombas
se dividia em vários pedaços,
sem ter água e sequer sombras
pra amenizar o meu cansaço!
Assim aprendi a amar as matas
descobrindo mistérios e belezas,
nas serras, rios e cascatas,
em toda a natureza:
borboletas de asas coloridas
enfeitando um riacho que corre,
andorinhas voando perdidas
no crepúsculo de um dia que morre!
O Senhor criou planícies e serras,
água, nos rios e mares,
animais vagando na Terra,
passarinhos voando nos ares
e entregou toda essa imensidão
para dela, o homem viver,
mas crescemos em nossa ambição
e a destruímos tentando o poder.
Agora nestas reflexões
eu peço ao senhor que domina
qualquer parte de nossos sertões
que respeite essa dádiva divina:
preserve as matas e os ribeirões,
pois o deserto três mil se aproxima
a passo apressado provocando erosões
enquanto com o fogo o verde extermina!