CHUVAS
CHUVAS
A aurora escura
Cinza negrume
O sol sem lume
E a água pura
Lacrimeja dos céus
Uns a bendizem
Outros a maldizem
E elas escorrem ao léu
Por caminhos que não são seus
São seus, meus
Que encauchamos solos
E depois sofremos dolos
Dos quais queremos fugir
Fugir qual diabo da cruz
Culpando a Deus pelo adeus
Ao que foi conseguido
E que a enxurrada levou
Sem dó e piedade
Porque na cidade
As ruas são de todos e de ninguém
E os alguéns a usam a bel prazer
E choram qual a chuva
Quando o que era bem
Vira pó e só
Soçobra
Nas águas lacrimosas do céu