CHUVAS

CHUVAS

A aurora escura

Cinza negrume

O sol sem lume

E a água pura

Lacrimeja dos céus

Uns a bendizem

Outros a maldizem

E elas escorrem ao léu

Por caminhos que não são seus

São seus, meus

Que encauchamos solos

E depois sofremos dolos

Dos quais queremos fugir

Fugir qual diabo da cruz

Culpando a Deus pelo adeus

Ao que foi conseguido

E que a enxurrada levou

Sem dó e piedade

Porque na cidade

As ruas são de todos e de ninguém

E os alguéns a usam a bel prazer

E choram qual a chuva

Quando o que era bem

Vira pó e só

Soçobra

Nas águas lacrimosas do céu

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 14/01/2016
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