Não sou o poeta que ganhou na loteria,
Eu pago para comer o pão.
Trabalho no dia-a-dia,
Canso como qualquer cidadão.
 
Minhas digitais estão no sistema,
Não pago meia no cinema,
Tenho contas acumuladas,
Um salário no fim do mês
E sou freguês de um Joaquim.
 
Também lamurio contra o destino,
Tenho calos nas mãos
E uma caneta que não cansa.
 
Dizem que sou remediado,
Mas tenho adiado esse julgamento,
O tempo dirá o que sou.
 
Deixo meus sonhos em uma gaveta,
A coisa está preta
Mas não posso reclamar.
 
Posso amar, mas dá muito trabalho,
Então, prefiro o meu vocabulário
Nas linhas de um pobre poema.
 
Não sou homem de lemas
E sou avesso à política,
Nenhuma crítica me constrói.
 
O que me destrói é o ódio,
Coisa que eu não sinto,
E quando sinto, eu minto.
 
Digo amar
Quando não há outra forma
De dizer que gosto,
Mas não desgosto de ninguém.
 
Tenho um quinhão nesta terra
Que me reservou uma janela
Para eu espiar o mar.
 
E ao céu, eu vou quando bebo,
Os bêbados podem vacilar.
 
No mais, não mais ser poeta
Seria a coisa correta a fazer,
Mas, eu digo, se não poeta,
O que vou ser?
 
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 13/01/2016
Código do texto: T5510221
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.