FERIDAS COM GLACÊ

Casca de ferida

Lambida pelo cachorro.

Um corte

Uma queimadura

O tampo do dedo arrancado

Caco de vidro pisado

Sangue vertido no sol

De dor a bloquear

O pensamento.

Feridas como chagas

Como estigmas se espelham

Pela pele flagelada

Somente a dor se faz presente

E quase nunca se ausenta,

Até uma alma boa

Pôr glacê nas feridas

Adoçando-as e quebrando a agonia

Confeccionando uma nova

Casca doce fechando definitivamente

Estes olhos de dor do corpo frágil.