KARUIM, UM ANJO CURUMIM
CAPÍTULO I - EM PRANTOS
Havia um choro infantil e triste na floresta brasileira.
Por Tupã! Quem será que está chorando assim?
A pequena índia vai até a fonte da choradeira
E se apresenta: olá, menino! Meu nome é Karuim...
O garoto nem ouve a pequena índia; permanece
Com os olhos entregue ao choro bem compulsivo.
Garoto! Garoto! O seu choro em nada nos favorece.
Guarde suas lágrimas, não seja fraco e sim ativo!
Vamos voltar ao começo: eu me chamo Karuim.
O menino repetiu o nome dela. E o seu? Qual é?
Naquele momento o choro do piá chegara ao fim.
Espero que goste do meu nome. Eu me chamo André.
Entendi direito? Seu nome é André?! Entendeu sim!
Piá, continue gostando do seu nome, pois bonito ele é!
CAPÍTULO II - O PORQUÊ DOS NOMES
O meu nome vem de uma lenda antiga do meu povo.
O significado dele é: “a mulher que renasce como amor”.
Karuim, dito do jeito doce a origem do seu nome me comovo.
Depois você me conta a lenda do seu nome, por favor!
A hora que você quise. Contarei com muito prazer.
Acredito que você queira saber o significado de André.
Claro que sim! Estou com bastante curiosidade para saber!
O motivo do meu nome tem haver com uma questão de fé.
André era um homem humilde, pescador, irmão de Simão.
Ele foi a primeira pessoa que Jesus chamou para ser apóstolo.
Não entendeu nada, não é Karuim? Faz parte da minha religião.
Jesus é o filho do meu Deus. Apóstolo significa mensageiro de Deus.
Simão será o líder religioso do meu Deus. Terá como rótulo
A palavra Papa e o nome Simão é trocado por Pedro... Céus!
CAPÍTULO III - DUAS CRIANÇAS INTELIGENTES
Perdão, Karuim, você deve não ter entendido nada do que disse.
Eu conheço um pouco do seu povo. O seu Jesus é o nosso Tupã.
O seu padre é o nosso feiticeiro. De acordo com a nossa crendice
Polo (mensageiro de Tupã). Jesus teria seus mensageiros - um clã.
Você é uma menina esperta, Karuim, Entendeu perfeitamente.
André, você estava chorando por que está perdido nesta mata?
O motivo central é que me perdi dos meus familiares de repente.
Não sei onde estão meus pais e a minha irmã. Que situação chata!
André, o que levou você a se perder de seus queridos parentes?
Outra pergunta é: o que vocês estão fazendo aqui na floresta?
Meus pais são biólogos e aqui têm umas espécies diferentes
De plantas que precisam ser estudadas. Um biólogo estuda
Todas as espécies de seres vivos existentes enfim. Detesta
Quaisquer tentativas de sucumbi-las. Da natureza ele cuida.
CAPÍTULO IV – CONSEQUÊNCIA DO MACAQUINHO LADRÃO
Quanto a mim e a minha irmã, estamos aqui por curiosidade.
Queríamos saber como é o serviço de nossos pais na prática.
Por que me perdi?! Um macaquinho ladrão numa velocidade
Roubou o meu celular da minha mão. Eu, de forma fleumática,
Fui atrás do bichinho gatuno. Quando dei por mim estava perdido.
Sem pai, sem mãe, sem irmã, sem rumo, sem meu telefone celular.
Você sabe como me tirar daqui? Caso contrário, será bem sofrido
Para mim não conviver mais com minha família e ter que aqui morar.
Meus pais e minha irmã devem está desesperados me procurando.
Se você não souber me tirar daqui e me devolver à minha família,
Meus pais terão que chamar a polícia. A dor deles irá só aumentando.
Fique tranquilo, André, a floresta para mim não tem nenhum segredo.
Se o seu pessoal estiver aqui ou próximo daqui eu os acho. Trilha
É o que não falta e uma delas nos levará até eles. Não tenha medo.
CAPÍTULO V – CURUPIRA
André, você sabe assobiar? É só fazer isso que o Curupira vem.
Confie em mim, vamos assobiar com até ele aparecer. Fiu-fiu-fiu.
Curupira aparece imediatamente. Por que me chamaram, hein?
Preciso ajudar este pequeno cari... ainda bem que você surgiu!
Karuim, se este menino está perdido, não precisava me chamar.
Ensinei-lhe a sair da mata. Se não me chamou por isso, qual razão?
Um desses macaquinhos esperto da nossa floresta conseguiu afanar
Do pequeno cari um objeto importante a ele. O piá quer a devolução.
Imitando sons dos símios, Curupira convoca o macaco delinquente.
O pequeno macaco acata sem pestanejar as ordens do deus da mata.
André recebe o celular sem dizer nada. Olha tudo encantadoramente.
Karuim, se não souber como tirar esta criança da mata, entregue-ma,
Daqui a sete anos eu a devolverei para a família dela... não seja ingrata!
Lamento, Curupira, mas sei sair da mata com ele sem nenhum problema.
CAPÍTULO VI – NO SEIO DA FAMÍLIA
Sinto muito, senhores, mas não encontramos o seu filho até agora.
Como o tempo está escurecendo, para procurar alguém fica ruim.
Amanhã iniciaremos a busca. Ao ouvir isso a família em peso chora.
Na saída do guarda florestal quem aparece é a jovem menina Karuim.
Gente, não precisa chorar mais! Eu encontrei André! Olha ele aqui!
Karuim falou isso diversas vezes. A família não creu no que ouvira.
André, ajuda-me! Fazer a sua família acreditar em mim eu já desisti!
Ao ouvir a voz do menino André, a família sente algo que nunca sentira.
Uma mistura de felicidade infinita junto a um delírio indescritível.
O meu filho está de volta! O meu filho está de volta! Não é mentira!
É verdade! Não é mentira! O meu filho está de volta! Não é incrível?!
A irmã e o pai abraçam a mãe e o ex-sumido André concomitantemente.
O garoto vive o paradoxo da alegria com a tristeza. Vê que Karuim sumira
E pensa consigo: será que verei meu anjinho da guarda indígena novamente?
O FILHO DA POETISA