A dor que não mata

Me cobri de lama, olhava-me no espelho

Não mais me enxergava, via apenas uma sombra

Um farrapo humano coberto de sujeira

Caí nas diversas sarjetas,

Enveredei por caminhos escuros e tortuosos

Virei uma marginal ,tão perdida,tão decadente

As feridas do meu corpo não eram menores

Que as que trazia na minha alma dilacerada

Quantos sonhos desfeitos!

Quantas ilusões perdidas!

Tantas dores carrego em minha mente confusa

Difícil prosseguir nessa tormenta sem fim

Corto minha carne para aliviar a alma

O sangue jorra por entre meus dedos

Rubro,doce, quente,inebriante...

Doce vinho me reconforta por um segundo

Grito na noite gelada e ninguém ouve

Solidão é minha cruel parceira

Pensamentos mil me atormentam

Tantas coisas horrendas, tanto remorso

Nenhuma droga para me paralisar

Nada para me fazer fugir de mim

Tudo virou um imenso deserto

Eu sequei,minha vida morreu, existe apenas meu corpo

Um corpo sem vida, sem esperança, sem desejo de seguir

Remorso que me devora

Dores que me consomem

Medos que me paralisam

Feridas que insistem em sangrar

Pensamentos que não param de me enlouquecer

Quero fugir , mas fugir para onde?

Como fugir de mim?

A pior dor é a dor que não mata!

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 13/01/2016
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