A dor que não mata
Me cobri de lama, olhava-me no espelho
Não mais me enxergava, via apenas uma sombra
Um farrapo humano coberto de sujeira
Caí nas diversas sarjetas,
Enveredei por caminhos escuros e tortuosos
Virei uma marginal ,tão perdida,tão decadente
As feridas do meu corpo não eram menores
Que as que trazia na minha alma dilacerada
Quantos sonhos desfeitos!
Quantas ilusões perdidas!
Tantas dores carrego em minha mente confusa
Difícil prosseguir nessa tormenta sem fim
Corto minha carne para aliviar a alma
O sangue jorra por entre meus dedos
Rubro,doce, quente,inebriante...
Doce vinho me reconforta por um segundo
Grito na noite gelada e ninguém ouve
Solidão é minha cruel parceira
Pensamentos mil me atormentam
Tantas coisas horrendas, tanto remorso
Nenhuma droga para me paralisar
Nada para me fazer fugir de mim
Tudo virou um imenso deserto
Eu sequei,minha vida morreu, existe apenas meu corpo
Um corpo sem vida, sem esperança, sem desejo de seguir
Remorso que me devora
Dores que me consomem
Medos que me paralisam
Feridas que insistem em sangrar
Pensamentos que não param de me enlouquecer
Quero fugir , mas fugir para onde?
Como fugir de mim?
A pior dor é a dor que não mata!