NA SURDEZ DO TEU ABRAÇO.
estou farto do arco
da ponte suja
sobre o rio sujo
onde a noite se afoga
estou farto da esquina
da rua escura
do poço escuro
onde a noite se joga
estou farto do caminho
da viagem não tão curta
do horizonte que não curto
com quem a noite dialoga
me sinto curdo
quando não me entendes
não sei o que pretendes
com teu abraço surdo
estou farto do peso
da bolsa encardida
do bolso encardido
cheio de moedas
estou farto do passo
do passo enfadonho
da dança enfadonha
pela qual não tenho queda
estou farto de dormir
e ter que acordar
e ter que acordar
pra depois ter que dormir
me sinto eslavo
quando abro a minha boca
quando te fazes de louca
e finges que não vês o meu agravo