A CARTA QUE NÃO ABRI

Chega-me às minhas mãos tua carta

Entregue pelas mãos do próprio carteiro

Como se temesses que, pelo correio,

Fosse extraviado o seu destino!

Olhando o remetente,

quedo-me em silêncio, patético desatino

de quem teme ler a sorte simplesmente

em pobres linhas, resumidamente!

Não sei porque fico assim tão insegura,

Sem coragem de abrir a simples missiva,

E descobrir que me aguardam as agruras!

Talvez o conteúdo seja diferente

e eu possa perceber nas entrelinhas,

Alguma notícia surpreendente!

Talvez me tenhas enviado de presente

Uma pétala de rosas do teu jardim,

Que não caberia inteira e perfumada

Em envelope tão pequeno assim!

Não vou abrir! Não vou ler o que escreveste!

Deixarei que meu imaginário se deleite

E se compraza criando uma ilusão,

Como se o paraíso inteiro eu recebesse!

Que importa o conteúdo verdadeiro?

Vale acreditar no que eu quero:

Que esta carta traga em seu conteúdo,

As palavras de amor que eu mais espero!

Naget Cury, Janeiro de 2015.

Reeditado em Janeiro de 2016

Najet Cury
Enviado por Najet Cury em 12/01/2016
Código do texto: T5509150
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