O FIO DA NAVALHA (Namarupa)
Por que houve de assim ser?
Porque tudo na vida, meu filho
Tudo o que existe há de desaparecer
E, dentre os impossíveis, está a permanência
Não é essa, da vida, a verdadeira essência?
Pois esse é o caminho do vento
Pois esse é o caminho do rio
É essa a vida das faíscas da fogueira
Na escuridão da noite a brilhar
Tão logo vivem o seu esplendor
Tão logo se apagam e morrem no ar
E assim é a vida: a vida é beirada
Todo momento é partida
Todo momento é chegada
Equilibramo-nos sempre à beirada
E a beira é tudo o que temos
Entre o que fomos e o que seremos
Eu sei, é difícil. Quem se conforma?
Que tudo o que tem nome e forma
Está, do desaparecer, à beira
Tal qual as faíscas da fogueira
Deixa o medo, respira fundo
Fecha teus olhos e abre tuas mãos