A caneta fumante!
Estou aqui, diante do papel, assisto TV e ainda
espero te ver. Espero fechado neste experimento.
Fumo mais um cigarro, em razão disto me declaro.
Não me ocorre um caminho, nada me demove desta vida.
Estou parado no ar, suspenso. Um fio tenso, tênue,
sustentando laços e mentiras, palavras e saudades.
Fumo lento, lendo os desejos que invadem
minha solidão... Invadem esse coração inerte,
coração deserto.
E se revelo, nos atos que tento, um conceito,
um preconceito, um jeito, declaro, e como me é caro,
que tropeço, que peço, que confesso.
Fumo o que resta sobre o papel e não existe festa,
não existe teste que me teste.
Venço outra linha, percorro outro dia,
em silêncio, como a caneta que escreve em paz.
O fumo acabou. A carta ficou para depois.
Eu aguardo no corredor, entre outras imagens que tenho.
(Bueno! Yo no tengo suñeos. Pero tengo las noches
y las palabras).” (Pastor Sheibbi - 30-06-1990).