Doce de leite ou o rio de Heráclito
Por algum motivo
que o álbum de fotografias do olfato
é o primeiro a explicar
o doce de leite levado à boca
tinha aptidões para colo e
amolecimento de ossos.
Leite em consistência de afeto
não tão mole que fosse incapaz
de preparar para o amor
não tão duro que o privasse de sonhar...
Capaz de ressuscitar vapores idos
e reacender as lenhas de um fogão
queimando a primeira
e permanente lição da vida:
o movimento.