Desvanecente


Não vês que deste peito outrora tão pujante,
Onde pulsava um coração deveras apaixonado,
Dele nada mais restou, ora encontra-se vazio,
Ele que batia ao te ver, ao me sentir a teu lado,
Mesmo que fosse, enlevado, por fugaz instante.

Tornou-se espectro do que foi um dia, em tardes
Gloriosas, quanto mirava teu corpo nu na cama,
Delirante com as carícias que saciavam teu cio,
E te revolvias, airosa, entre a comédia e o drama,
Por seres tão amada como te amei, sem alardes.

Desvaneceram, junto aos sonhos que sonhamos,
O tronco, coxas e pernas que tanto te encantaram,
Quando os teus envolveram e protegeram do frio,
Ao acolhida em um abraço dos que tanto se amaram,
Olvidados da saudade de quando antes nos separamos.

Hoje, pouco ou nada resta de mim, do que fui um dia,
Simplesmente sigo pela vida, como se transparente,
De certa forma até mesmo amorfo, como se vazio,
Despido de sonhos, de meu âmago, desvanecente,
Esvaindo a dor que sinto em minhas dolentes poesias.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 10/01/2016
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