ANJO BISONHO

Eu pintei portas e janelas coloridas

Na já esquecida e sombria solidão

Mas, me despi de toda fantasia e ilusão

Aos sobrenaturais olhares fraticidas

E o encanto foi se diluindo ao tempo

E a sombra foi perdendo espaço

E o circo despediu o seu palhaço

E ao solitário foi negado o acalanto

E assim, deixei o meu sorriso aflito

Perdido, sem luz e sem abrigo

Sob um céu de mistério a exalar perigo

Pelas ruelas e becos onde só me arrisco

E ausente do carinho do sonho

Sou drama em festa, uma fresta de sol

Um florido deserto, um estranho arrebol

Um ferido e esquecido anjo bisonho.