Espelho dos meus Olhos
De manso, a aurora despe o meu olhar
Lânguido, o sol deita-se sobre as buganvílias
E em feixes de luz silaba todas as cores
Ainda desconhecidas pelo amanhecer
Cantam os pássaros no ipê
Florescendo o buquê da sinfonia
Que desperta os sons da vida
O tempo leva-me pelas mãos
E todos os silêncios eloquentes
Revelam os sentidos dos meus gestos
Os propósitos de todas as coisas
Tomas-me os caminhos dos pensamentos
A minha saudade te procura
E tudo em mim é prenúncio de ti
A seda adamascada dos meus anseios
O perfume da minha pele
A suave insinuação da entrega
No espelho dos meus olhos
A tua imagem acaricia-me os sonhos
E o desdobrar das vontades incontidas
Adivinham-se em meus lábios
As palavras que tu me dirás
Alça-me todo o afeto possível
O delírio, o doce desatino de saber-me tua
O corpo lasso posseiro da saudade
Beijos que se ocultam em véus de suspiros
Glacês de carícias que me tocam os desejos...
Fernanda Guimarães
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