Cenário

Aqueles vestidos todos

pendurados no varal

no palco de um quintal

maior que o mundo

vestiam as águas

do São Francisco,

impregnados de

poentes desejantes

nascentes pueris

canoas no tempo

proas ao vento

e profundezas muitas,

intocáveis aos pés e mãos.

Aqueles vestidos todos

transpiravam calor

abraçavam lembranças

dançavam nas pedras e

sonhavam a imensidão

do mar...

destino de rio.

Tê-los lavado

não ocasionava morte,

tampouco fragilizava testemunhos:

travessia de poros...

transposição de margens...

pontes e balsas memoráveis...

Aqueles vestidos todos

davam corpo ao amor

acinturavam laços

desenhavam presenças

e miravam todos,

deslumbrados,

a renda branca

que vestiu o ano novo

de vida nova,

inebriados com cheiro de paz

esparramado no cenário...