É o Vento.
Noite de julho
De um inverno muito frio
Ouço um assobio
Fico de ouvido atento
Puxo um banco, me sento
O assobio continua
Abro a porta, vou na rua
E confirmo é o vento.
A fumaça volta na chaminé
A poeira sai do chão
Vai deitando plantação
A folha voa ao relento
Fecho a porta, fico atento
Sinto a casa balançar
Quando escuto alguém falar
É o vento é o vento.
Uma vez forma uma brisa
Outra vez já vem mais forte
Se esquenta vem do norte
Minuano frio não aguento
Faço fogo me esquento
Vou tratar da criação
Bate a porta do galpão
Não me preocupo, é o vento.
Correm as nuvens no céu
Vai se abrigando o gado
Só pode ser um tornado
Que levanta o pó areento
Olho para o firmamento
O céu parece girar
Quando paro pra escutar
É que percebo é o vento.
Sobem as ondas no mar
Aumenta a maré na lagoa
O barco a vela numa boa
Vai andando ao relento
Uso o meu conhecimento
Pra descobrir a razão
Quando vem um furacão
Levo um susto. é o vento.
Verão quente, sol de racha
O suor escorre na testa
Na casa que não tem fresta
Qualquer um fica sedento
Água fresca trás alento
Mas não para a falta de ar
Abro a porta pra refrescar
Ainda bem, que existe o vento.