Tudo em vão

A dor era contínua,não enxergava seu fim

Desejava apenas o alívio que nunca chegava

E por entre vontades confusas

Tormentas estilhaçadas

As imagens passavam na minha mente difusa

Fartas de grandes torpezas

A minha boca amargava

A alma sangrava

E aquele silêncio tanto me atormentava

Tudo estava parado, rígido, insípido

O cheiro de mofo na carne aberta

Estilhaços de loucura expeliam fel

O fel de uma alma em remosos ferozes

Que latejavam, jorravam e arrancavam pedaços de mim

Minhas vísceras transcendiam a dor

Cuspiam a chorume que do meu corpo brotava

Ensandecida pela angústia que me aniquilava

Tranquei todas as minha saídas

Fechei meu baço olhar e mirei para dentro

Tênue linha que separa a dor do amor

Insustentável padecer que me exaure

Derramando meu sangue pelo vidro sujo da velha janela

Aquelas imagens distorcidas geravam confusão

Tudo tão distante e difuso

Meu olhar vagava em vão

Negra se tornou o que um dia foi minha aquarela

Agora, apenas pensamento denso, obtuso

Tênue linha que separa a dor do amor

Insustentável padecer que me exaure

Meu corpo feito um intruso

Se decompõe através do vidro sujo da velha janela

E sem o gosto do licor de anis

Eu não enxergava o fim

Não ouvia a frase

Não lia seus lábios

Não via a porta

Sem meu absinto não havia catarse

Impedia a passagem e eu me exauria no fétido curtume

Meu olhar se perdia no vão

Foi tudo foi em vão...tudo ficou no chão....

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 08/01/2016
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