Tudo em vão
A dor era contínua,não enxergava seu fim
Desejava apenas o alívio que nunca chegava
E por entre vontades confusas
Tormentas estilhaçadas
As imagens passavam na minha mente difusa
Fartas de grandes torpezas
A minha boca amargava
A alma sangrava
E aquele silêncio tanto me atormentava
Tudo estava parado, rígido, insípido
O cheiro de mofo na carne aberta
Estilhaços de loucura expeliam fel
O fel de uma alma em remosos ferozes
Que latejavam, jorravam e arrancavam pedaços de mim
Minhas vísceras transcendiam a dor
Cuspiam a chorume que do meu corpo brotava
Ensandecida pela angústia que me aniquilava
Tranquei todas as minha saídas
Fechei meu baço olhar e mirei para dentro
Tênue linha que separa a dor do amor
Insustentável padecer que me exaure
Derramando meu sangue pelo vidro sujo da velha janela
Aquelas imagens distorcidas geravam confusão
Tudo tão distante e difuso
Meu olhar vagava em vão
Negra se tornou o que um dia foi minha aquarela
Agora, apenas pensamento denso, obtuso
Tênue linha que separa a dor do amor
Insustentável padecer que me exaure
Meu corpo feito um intruso
Se decompõe através do vidro sujo da velha janela
E sem o gosto do licor de anis
Eu não enxergava o fim
Não ouvia a frase
Não lia seus lábios
Não via a porta
Sem meu absinto não havia catarse
Impedia a passagem e eu me exauria no fétido curtume
Meu olhar se perdia no vão
Foi tudo foi em vão...tudo ficou no chão....