Peripécias
Sempre fui da pá virada
A poesia enquanto chama
Ebulia a sua vontade em meu peito sobrio.
Repreensões eram brasa que alimentava a represa
Que estava por estourar.
Minha mente se expandiu num estouro nuclear
Tornando clara as peripécias de uma pessoa invertida
Em corpo malhado.
Me tornei muitas coisas ou quase nada
Brinquei de ser cantor, poeta, ator e intruso
Joguei pra fora as labaredas de velhas pirraças
E criei turvo um parecer verdadeiro
Me vejo num berro feminino à reclamar teu corpo
Em proletariado pedindo resquícios de prudência
Negro resistente do quilombo favela
Indígena massacrado chorando por sua terra
Travestis dizimadas pela violência
Como disse, sou e serei muita coisa
E quase nada terei pra mostrar
Só terei as marcas à ferro que tenho na alma
Impertinencia fraca de amar