Peripécias

Sempre fui da pá virada

A poesia enquanto chama

Ebulia a sua vontade em meu peito sobrio.

Repreensões eram brasa que alimentava a represa

Que estava por estourar.

Minha mente se expandiu num estouro nuclear

Tornando clara as peripécias de uma pessoa invertida

Em corpo malhado.

Me tornei muitas coisas ou quase nada

Brinquei de ser cantor, poeta, ator e intruso

Joguei pra fora as labaredas de velhas pirraças

E criei turvo um parecer verdadeiro

Me vejo num berro feminino à reclamar teu corpo

Em proletariado pedindo resquícios de prudência

Negro resistente do quilombo favela

Indígena massacrado chorando por sua terra

Travestis dizimadas pela violência

Como disse, sou e serei muita coisa

E quase nada terei pra mostrar

Só terei as marcas à ferro que tenho na alma

Impertinencia fraca de amar

Lucas Viana
Enviado por Lucas Viana em 08/01/2016
Código do texto: T5504130
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