Marujo ao (a) amar

Chegou

como se chega

gaivota cansada

navio deserdado

marujo morto

de saudades

atracou

lançou as amarras

pisou em terra firme

catou olhares morenos

e ruivos

e loiros

e negros

bebeu de cada

vinho

uisque

cachaça

da boa

da nem tanto

e de jeito nenhum

papeou

jogou cartas

ganhou

perdeu

pagou dívidas

e pecados

e de novo

pecou

provocou amores

ciúmes

e simples

paixões

amou como selvagem

e foi amado

como menino

olhou as horas

inquietou-se com o tempo

fitou as nuvens

e o vento

muniu-se de sonhos

e coragem

desatou laços e amarras

e partiu

deixou

praia deserta

porto desabitado

corações apaixonados

e ventres semeados

um dia

terá porque voltar...

Nina Godoy
Enviado por Nina Godoy em 07/01/2016
Código do texto: T5503462
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