Marujo ao (a) amar
Chegou
como se chega
gaivota cansada
navio deserdado
marujo morto
de saudades
atracou
lançou as amarras
pisou em terra firme
catou olhares morenos
e ruivos
e loiros
e negros
bebeu de cada
vinho
uisque
cachaça
da boa
da nem tanto
e de jeito nenhum
papeou
jogou cartas
ganhou
perdeu
pagou dívidas
e pecados
e de novo
pecou
provocou amores
ciúmes
e simples
paixões
amou como selvagem
e foi amado
como menino
olhou as horas
inquietou-se com o tempo
fitou as nuvens
e o vento
muniu-se de sonhos
e coragem
desatou laços e amarras
e partiu
deixou
praia deserta
porto desabitado
corações apaixonados
e ventres semeados
um dia
terá porque voltar...