LITEROS   
 
 
 
A estante findou tempo
De sobra comum
Eu sabia de tudo
O instante marcou dia
Viciado perfeito
Não faz mal nenhum
Vicio de efeito
Andar calçado
Sobre a lama do caos
A minha resposta
Tem uma linha eterna vazia
Dizendo escreva
Sua certeza
Entre todas elas
Posso suportar outra lógica
Outra mentira fria
Literatura a contento
Contendo mais do que o estéril
Contém coisas suas
aventuras
Podendo ser loucuras
Travestidas de arte
Pilhas de cultura
Misturas de silabas
Verbos doces
Versos precoces
Querido de formas
Formatação desejada
Desejo refreado
Mastigando lábios
Escrita uniforme
A cobiça dos termos
O menor entre eles
Tem uma sinal de frequência
Esconde ausências
Que sentido daria
Se a dor da imagem
Fosse a dor sua
Aquela mensagem de contracapa
Na capa dizendo
Sobre os sonhos
Da pele que sua
Se a cor da ambição refreada
Não tivesse presente
Entre os dedos
Povoada de verões
Mente segredos
Quer outra carne crua
Pronta no leito
Eu aceito os malditos
Pergaminhos da outrora perdida
Que insistem viver
Cobertos de razão sem raiz
Mas o pecado da vontade
Tem cabelos negros
Pele morena
Semblante sereno
Não posso resistir
Flamas sem mágoa
Pele alva
Descende nórdica
De outra lógica
Também sei mentir
Olhos tempo de primavera
como manhã azulada
a única estrela
visita meu sonho acordado
não posso resistir.