VIAGEM AO INTERIOR
Ando sentado no carro,
Observando árvores, postes, rostos
Sertão e os braços secos das plantas estendidos ao céu...
A essa velocidade, eu sou uma filmagem no REC.
Lembranças vêm e, depois, uma pura gota de saudade.
Um passo do pneu para frente do meu destino é um passo do pneu para trás do meu passado.
Sério, observo cada vulto colorido na BR,
Sem saber que é ali, na estrada, onde encontro
A estrada para as regiões mais conscientes do inconsciente...
Aos poucos, revejo cenas.
As que aconteceram.
As que ficaram por acontecer,
Que recrio na cabeça.
Muitas imagens românticas,
Paixões antigas, as reprimidas
E os momentos de cólera,
Ou de frustração.
Ao pensar mergulho na busca sem busca
Do que nem minha própria mente sabe
Apenas executa a tarefa que,
Suscitada pelo REC, só culmina
com alguém dizendo: “Acorda! Chegamos”.