CHUVA URBANA NA MADRUGADA

Na palma diluída do teu encantamento

Viaja meu espírito aprisionado

Na gota liberta e abandonada

Que pousa fugazmente no relento.

No choro de nuvem que escorre na calçada

Entre gritos de trovões estremecidos

Precipitados do veludo azul escurecido

Istmo de ilhas branco-acinzentadas.

Que diria o silêncio da paisagem

Ao som, por dentro, da chuva ao seu ouvido,

Chiados que zumbem como enxame selvagem?

Lave-me as catedrais, os edifícios, as avenidas

Limpe-me o concreto da alma, à tua imagem

Molha-me a calma e sopra um tom de vida.

Walker Ghostwriter
Enviado por Walker Ghostwriter em 05/01/2016
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