CHUVA URBANA NA MADRUGADA
Na palma diluída do teu encantamento
Viaja meu espírito aprisionado
Na gota liberta e abandonada
Que pousa fugazmente no relento.
No choro de nuvem que escorre na calçada
Entre gritos de trovões estremecidos
Precipitados do veludo azul escurecido
Istmo de ilhas branco-acinzentadas.
Que diria o silêncio da paisagem
Ao som, por dentro, da chuva ao seu ouvido,
Chiados que zumbem como enxame selvagem?
Lave-me as catedrais, os edifícios, as avenidas
Limpe-me o concreto da alma, à tua imagem
Molha-me a calma e sopra um tom de vida.