A DÚVIDA DAMA DO ESCURO
 
 
Aonde está meu vício
não repousa aqui
aonde voou meu relógio
não estou afim
que horas parece
que vem dizer
sobre amanhã
que horas vinga teu suicídio
parece entender de mim
estradas de asfalto
poluem minha fuga
prefiro a terra e o barro
prefiro sentir
a terra e o perfume do “sarro”
motéis e as vagas fechadas
fachada de medo
na solidão da estrada
destroem teus sonhos
não trouxe você até
aqui pra desejar
sobre luzes que se apagam
não prefere ir ver
o luar tão lindo lá fora
na mata agora
seremos selvagens
sereno de imagem
nos lagos estéreis de nós
fermentam possíveis
volumes de sexo contido
contigo posso ir ao máximo
nessa viagem  de subproduto
das aventuras fáceis
o convite fica em cima
da mesa
a certeza quer muito de nós
estamos a sós
perto da correnteza
que levará tua decência
as cachoeiras que derramam sangue
beberemos em loucas bocas
de línguas soltas
por todo corpo
que nada estanque
precisamos disso
precisa parar de ir à frente
é indecente querer saber
o que esconde o túnel
no fim de tudo
nossa luz  ilumina o fundo
no fim do absurdo
estamos mudos
sem palavras
sorrindo de tudo
e as roupas penduradas
nos galhos
olhando nosso luto de orgasmo.