ULTRAJE FINO
 
 
Minha glória em mim
minha glória em fim
copo espelhado  de mágoas
suando frio
aparece meu rosto
dizendo sobre sábado
quando fui ver você
jaqueta meu terno babado
meu melhor sapato
pra ver a poeira
soprando junto a mim
poeira deserto de quarto
passos passados
juntando pedaços de sim
você teve aqui
gritou sobre corações
que pulsaram desejando
noite de pássaros
cantando
assovio de vento
uivando
via primaveras aladas
nos beijos de fada
via flautas de anjos
teus cílios piscando
vagalumes de olhos
no ato final
baixam cortinas
nos dois se amando
minha glória em mim
minha glória em fim
devolva este liquido
insípido que estava aqui
há um copo de mágoas
desaguando mesa abaixo
achas que trago somente
os laços rasgados
de corações partidos
ouvidos atento
meu velho amigo
o abrigo do caso
descaso completo do fato
merece outra dose
querendo tornar-me pólvora
na alvorada do dia
vou explodir de alegria passiva
de alegria massiva
meu crivo queima meus dedos
acordarei sozinho
amanhã de manhã cedo
em algum lugar
que não meu lar
onde ressoa a voz dela
macia
vertendo doses de vida
das doses a mais de bebida
marcas d’agua
deixadas pelo caminho
aonde me aninho
sobre o manto de grama
de qualquer esquina
tocarão sirenes
nunca mais serão estes sinos
que me deixaram dobrado
por ter amado
garrafa diaba ainda fica comigo
mais um pouco
o louco que desaba
tomará teu cuidado até o fim!