CONTO DE GRAMPO
 
 
Ruas de sexta feira à noite
nuas contagio de formas e “indolentes”
                                       pisando na calçada         
no escuro
querendo de certo  o inferno
que passa nos seus olhos
vendo o que está por baixo
profundo
um novo mundo acorda
depois da meia noite
depois da meia vida
que não tarda querer
outra metade
pra ser inteira
os lugares perguntam
temos várias garrafas
de qualquer alma
que queira desenhar
hoje por agora
enquanto o sol
não o traz de volta
sem pelos e estas garras afiadas
você desceu vampiro
suspirando tranquilo
há mulheres solteiras
há mulheres tardias
há mulheres viciadas
em serem mulheres de dia
coma o dardo lançado à frente
você acertou um recado
não há ninguém uniformizado
procurando
por alguém treinado
pra ser alguém mais tarde
a cortina de fundo arde
em velozes agonias e súplicas
toda bebida servida
desculpa
toda dança suave
também é uma dança macabra
uma valsa sobre pedras quentes
tolera seus desejos travestidos
de conversa
olhando sua blusa aberta
e o volume pedindo ajuda
pra deixar outra música tocar
quer levar você a outro lugar
nada secreto
depois voltaremos
a ser estátuas outra vez
mas desta vez
estaremos sujos
estaremos completos
qual a carreira que você decidiu
seguir
me leve junto
já estou pronta
vamos viajar?