LUZ DO MEU ESCURO...
Emergi do sono.... Escuro
Pra vigília clara do dia...
Mas, o dia quando procuro
É a noite que não luzia...
Sanatório é para alma
Paraíso ilude ao corpo
Azulada cor e calma
Mas, não é um anticorpo...
Céu se foi no fim do sono
Pálpebras se abriram lentas
Nesta carne, meu quimono
Dos espinhos não me isentas...
Este sol no azul, amarelo
Disfarçando o breu do universo
Em meus versos faz um elo
Aos poemas controversos...
Meus dilemas ouvem os ais
Indecisos são os temas
Imprecisos, racionais
Os poetas, não poemas...
Vejo a rosa no jardim
Em Brasília mil ladrões
E este lírico em mim...
Todos temos corações...
Sei acima moram estrelas
Dos meus braços são distantes
Mas, espero a noite vê-las
Aos meus olhos são brilhantes...
Mas, em treva anda o mundo
Nas pegadas desamor
Lágrimas é um mar profundo
Mesmo o céu não vai supor...
Numa gota de orvalho
Cabem um milhão de vidas
Artifícios que me valho
Poesias corrompidas...
Eu não nego ao cotovelo
Essa dor do pensativo
Mas, não trato com desvelo
O sarcasmo opressivo...
E por isso eu escrevo
A fugir da dor do dia
Para o dia ser longevo
Através da poesia...
E nas tardes sorrateiras
Quando o sol já vai se pôr
Nos sapatos só poeiras
Coração ainda o amor...
No arrebol eu vejo um pomo
Ouro, fruto bem maduro
Para noite segue o sono
Para a luz do meu escuro...
Autor: André Luiz Pinheiro
31/12/2015