VULTO

Nascido ali

Na quina do olho

No útero de soslaio

Reside o vulto

Escuro, mudo

Pronto pro

Susto agudo.

Gira a cabeça

Mira de esguelha

De través

E procura

Cadê?

De viés

Cadê?

Cadê o vulto

Que estava ali

Há um segundo?

Já se foi!

É rápido

Senta-se

A sombra

Convexa

Oblíqua

E espera

O tempo certo

De uma ilusão.

Ele, o vulto

Está ali

Na quina do olho

No útero de soslaio

De esguelha

De través

De viés

Aguardando

Enviesado.

Num piscar de olhos

Um instante de brevidade

Já não está mais.