PORTAIS
Lílian Maial




Às portas da angústia,
aos pés da hipocrisia,
nada é dito,
nada é exposto,
é tudo silêncio e vazio.

Alada e linda,
de asas ousadas,
seu vôo é punhal
nos pássaros-corvos,
nas negras aves da escuridão.

Portas fechadas, o próprio medo
imposto pelos dias e pelos homens.
A cruz, o preço da liberdade,
que faz crescer o resplendor,
o mesmo que atiça o brilho dos olhos
e o viço da pele.

De joelhos, o peso do fardo,
o fardo das plumas,
plumas da verdade.

Novamente erguida,
abre-se o portal de luz,
volta as costas ao portão fechado de fachadas,
encontra as cores do seu destino,
alça o vôo mais lindo,
para a sua vida
e o seu deleite,
na pureza de suas escolhas.

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