UMA EXEGESE
O que será do tempo, quando do esquecimento,
Quando não for mais necessária a lembrança,
Quando não suscitar mais a saudade,
E o que será da esperança,
Sem a reconciliação com o passado,
Se não houver o arrependimento,
E não havendo, o que será do perdão,
Da compaixão, da redenção do momento,
A tolice da vaidade não será tolerada,
Mas o aprendizado do orgulho,
Será esquecido;
E será assim, insofismável, a hora em que
O homem, não tendo a posse de sua memória,
O fim do início de sua própria dinastia,
Eis que seja então uma exegese:
Nada sobrevive a obliteração
Da própria história.